quinta-feira, 29 de março de 2012

Invenção, projetos e inovação: case SYMPAR

 

Por André Coelho*

A integração entre ciência e tecnologia para geração de produtos e processos tem revolucionado o mundo moderno. Vivemos na era da inovação. Na inovação, o conhecimento científico está ligado à satisfação de necessidades e à resolução de problemas. A história da inovação está ligada à história das ferramentas e das técnicas úteis para fazer coisas práticas, sendo esta também a história da tecnologia.

Muito se discute sobre o que é inovação e são muitas as definições encontradas. Uma forma simples de identificar uma inovação é caracterizá-la como uma invenção que se transformou num produto ou processo através de um projeto, considerando, é claro, o produto como um resultado do trabalho necessário e o processo, uma técnica ou um meio organizado para se chegar a um fim. Já os projetos são ações que utilizam ferramentas e técnicas, possuem data de início e fim previamente estabelecidos e geram resultados únicos.

Sem projetos ainda é possível obter resultados em termos de inovação. Entretanto, há muito estes esforços perderam seu espaço para projetos estruturados e resultantes de investimentos significativos em P&D.

Os projetos, desenvolvidos por especialistas para atender necessidades e resolver problemas, são o elo seminal entre uma invenção e uma inovação. Entretanto, projetos sozinhos não transformam invenções em inovações. A existência de objetivos claros, com a proposição de resolução de problemas através de projetos é essencial, pois a execução do projeto e a sua transformação em produto ou processo deve ser o foco. A inovação gera externalidades em forma de lucro sócio-econômico-ambiental e isso também deve ser perseguido e ponderado.

No dia a dia, o empreendedor se vê diante do obstáculo de perder dinheiro ao solicitar incentivos, que acabam por desviar o foco do negócio e podem comprometer a própria perpetuação e crescimento das pequenas e médias empresas. Há um custo de transação pesado demais para elas acessarem os recursos das agências de fomento. Investir em inovação com capital próprio é o que tem ocorrido, esta solução tem sido mais barata que usar os incentivos governamentais.

Uma questão associada são os problemas de proteção ao empreendedor quando ele registra uma patente. Estes problemas geram mais um desestímulo ao uso de incentivos, resultando na preferência pelo segredo industrial. É que o registro da patente pode tornar a inovação vulnerável a cópias ou à derivação de pequenas modificações incrementais por terceiros. Ter editais que acompanhem estas demandas é um grande desafio. Para resolver este impasse, as empresas inovadoras poderiam ter acesso a créditos previamente aprovados junto às agências de fomento à inovação.

Uma solução seria criar um sistema de registro de "atestados técnicos" ratificando a efetividade da inovação gerada através dos créditos, que só poderia ser validada como tal quando a inovação fosse levada a cabo. Ou seja, assim é possível disponibilizar capital para quem atinge o objetivo e não para quem elabora um projeto que fica restrito ao papel. Tais créditos seriam associados a projetos simplificados, onde a evidência de sucesso seja a transformação da invenção em inovação através da sua aplicação e não o simples cumprimento de regras tecnocráticas é o que ocorre na maioria dos casos com o simples registro de planos de projetos.

Neste texto foram apresentadas e extrapoladas algumas considerações estruturais preliminares derivadas de um estudo de caso realizado pelo autor na SYMPAR, grupo empresarial baiano de classe mundial, intensivo em tecnologia própria, tanto de produtos quanto de processos aplicados à indústria. O caminho por eles encontrado para a inovação é o desenvolvimento e capacitação continuada do seu capital humano altamente especializado, um exemplo de que o que há de melhor pode ser desenvolvido aqui dentro do Estado da Bahia.

*Economista (UFBA). Mestre e Doutorando em Desenvolvimento Regional e Urbano (UNIFACS).

Publicado originalmente em:
http://www.corecon-ba.org.br/site/main.asp?view=artigo&tipo=5&id=2042

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